domingo, 15 de junho de 2008

Limoeiro

























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Consigo caber, perfeita, no parapeito da janela do meu quarto.
A janela do meu quarto tem a dimensão exacta de um esconderijo.
Os esconderijos são proporcionais à dimensão dos segredos.
Abro o segredo da janela do meu quarto.
Abro a janela e aconchego-me no parapeito.
Aconchego-me lá fora no perfume das violetas.
Plantadas às resmas, por eu gostar muito.
Visita-me um melro, em rotina.
Pousa nos ramos altos do limoeiro e entoa melodias matutinas.
Com ele despertam as cores do meu segredo.
Laranja vermelho cinzento azul.
Brilhante sombrio luminoso opaco.
Estendo a mão e o melro voa.
Estendo a mão e apanho o fruto.
Mordo a casca doce do limão e beijo o dia. Perfeito.
E cheiram-me as violetas.
Borboletas vivas sopradas pela brisa fresca de mais uma madrugada.
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